segunda-feira, 4 de março de 2013

REVIEW: "A Vida de Pi" (Livro)


FICHA TÉCNICA:
Autor: Yann Martel
Número de páginas: 328
P.V.P. (aproximado) - 16,11€

SINOPSE OFICIAL:
Filho do administrador do jardim zoológico de Pondicherry, na Índia, Pi Patel possui um conhecimento enciclopédico sobre animais e uma visão da vida muito peculiar. Quando Pi tem dezasseis anos, a família decide emigrar para a América do Norte num navio cargueiro juntamente com os habitantes do zoo. Porém, o navio afunda-se logo nos primeiros dias de viagem. Pi vê-se então na imensidão do Pacífico a bordo de um salva-vidas acompanhado de uma hiena, um orangotango, uma zebra ferida e um tigre de Bengala.

O VEREDICTO:
Yann Martel assina aqui uma obra absolutamente fascinante e avassaladora, uma aventura de uma vida sobre sobrevivência e religião que tanto provoca uma estridente gargalhada ao leitor, como, logo de seguida, desconforto e amargura.
"A Vida de Pi", publicação vencedora do prestigiado Man Booker Prize em 2002, deixa-nos completamente embasbacados pela beleza dos pormenores, a descrição meticulosa dos obstáculos que o jovem protagonista tem que ultrapassar para viver mais um dia, os cenários maravilhosos enumerados pelas palavras mágicas de Martel, curiosidades sobre a vida animal ("Há preguiças-de-dois-dedos e preguiças-de-três-dedos, sendo o caso determinado pelas patas dianteiras dos animais, já que todas as preguiças têm três garras nas patas traseiras") e até pelos constantes conselhos para resistir em alto-mar na companhia de um qualquer bicho, "tigre, rinoceronte, avestruz, javali, urso-pardo - seja ele qual for" - com sugestões tão úteis quanto "provocar uma invasão de fronteira. Uma boa maneira de fazê-lo, segundo a minha experiência, é recuar lentamente enquanto faz os seus ruídos. (...) A questão aqui está em fazer o animal compreender que o seu vizinho de cima é extraordinariamente melindroso em relação ao território.".
Curiosamente, algum tempo antes de decidir que este seria o seu quarto livro, o autor hispano-canadiano encontrava-se a escrever "um romance passado em Portugal em 1939" cujo resultado o estava a deixar "insatisfeito".
Fique descansado sr. Martel, pois os leitores deste pequeno país à beira-mar plantado certamente não levam a mal a renúncia quando, em troca, nos deu uma pérola tão invulgar e sedutora quanto esta!

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