domingo, 27 de março de 2016

REVIEW: "A Senhora da Furgoneta"


FICHA TÉCNICA:
Realizador: Nicholas Hytner
Intérpretes: Maggie Smith, Alex Jennings, Frances de la Tour, Gwen Taylor, Jim Broadbent
Género: Biografia/Comédia/Drama
Duração: 1 hora e 45 minutos

SINOPSE:
Nesta cómica adaptação para cinema da icónica biografia e aclamada peça de teatro, seguimos a verdadeira história de Miss Shepherd (Smith), uma mulher de origem incerta que estaciona ‘temporariamente’ a sua furgoneta no pátio da casa de Londres do escritor Alan Bennett (Jennings) e aí fica a viver durante 15 anos. O que começa por ser um favor à força, transforma-se num relacionamento que irá mudar a vida de ambos... para sempre.

O VEREDICTO:
«Hold my hand. It's clean.»

Poucos foram os filmes que me levaram às lágrimas. Assim de repente, só me lembro de tal ter acontecido com «O Campeão», filme de 1979 que conta com Jon Voight no principal papel. «A Senhora da Furgoneta» consegue ser ainda mais tocante. Tem alguns apontamentos de humor mas é fundamentalmente triste. Quando vejo algum filme baseado em factos reais tento inteirar-me da história por detrás e esta fala-nos de solidão e desespero mas também de amabilidade e generosidade, virtudes em extinção na sociedade actual. Quando há quarenta anos atrás a verdadeira Miss Shepherd estacionou a sua furgoneta à frente da casa de Alan Bennett, este estava longe de imaginar a riqueza que esta traria à sua vida: a dádiva de se dar atenção a quem dela necessita.

Não é assim tão difícil dar um bocadinho de nós. Um sorriso a um velhinho numa janela, uma moeda a alguém mais desfavorecido, os braços a quem não consegue carregar um saco de compras... se as possibilidades são infinitas, a bondade também o deveria ser.
O que perdemos em ser gentis?

Bennett descreveu a senhora da furgoneta como uma mulher «difícil, excêntrica mas, acima de tudo, pobre» e creio que a mensagem da sua peça («The History Boys» - na qual grande parte do elenco aparece no filme) seria fazer-nos reparar na pobreza que existe e mora à nossa volta, fazer-nos acolher as Misses Shepherds das nossas vidas, fazer-nos dar a mão a alguém. Mesmo que esta esteja suja. Mesmo que esse alguém esteja a morrer. Possivelmente.

Mensagem que transparece no filme, graças ao desempenho magistral de Maggie Smith,uma força da natureza que domina o ecrã e nos oferece uma personagem de contrastes: forte e frágil, lúcida e senil, adoravelmente antipática. 
Pontos para Jennings - que consegue exprimir com muita naturalidade a mescla de emoções que Bennett terá experienciado - e para a equipa de design de produção, que filmou em Camden, na exacta rua e casa onde Bennett e Miss Shepherd viveram todos aqueles anos e conseguiu, de forma absolutamente irrepreensível, ressuscitar a Londres dos anos 70.

A furgoneta amarela não foi uma morada. Não foi um sepulcro. Foi um lar!
E um filme com coração.

NOTA (0 A 5):
4

Sem comentários :